Viajar, os 9 motivos para ver que as rosas têm espinhos.
Cada vez que se diz “vamos viajar para…” as pessoas pensam que vai ser tudo perfeito, cenários de sonho, comida saborosa e companhia fantástica, um sonho feito realidade. Mas será mesmo assim? Quem já tenho feito umas quantas viagens (que viagens de lua de mel não contam) será capaz de fazer tal afirmação? A minha experiencia (não é muita, mas a suficiente, já deu para estar em três continentes e numas quantas realidades diferentes), diz que quase ninguém, para não radicalizar e dizer ninguém.
Os programas de viagens que vemos na TV são uma fonte de ilusões, as pessoas esquecem-se que tudo aquilo é organizado, filmado e enquadrado. Só nos apresentam o que interessa, o que é bonito e bom. Existe patrocinador a agradar, não se esqueçam disso.
Agora, se querem viajar, se vão viajar, não olhem para o que vou escrever a seguir como um desencorajar a ir, mas antes como uma preparação para a mesma, que eu não tenho nada contra viajar, muito pelo contrário. Ver coisas diferentes, culturas, experiencias (mesmo que nem todas boas), são experiencias de vida, são lições e ir preparado nunca fez mal a ninguém.
Pois é, não seriam as palavras que estavam à espera, mas vai acontecer. Chateados, por exemplo de esperar pelo avião, cansados de andar de avião e até irritados porque as malas nunca mais aparecem. Não invalida que no fim das contas isto não seja um peso leve, mas lembrem-se, vai acontecer.
2. As fotos dos locais, não são nossas amigas
Claro que os monumentos, praias e paisagens estão lá, no entanto os nossos não fazem Photoshop instantâneo. Preparem-se para verificar que o enquadramento é diferente, que nem tudo é bonito, limpo ou organizado como nas fotos. Só a título de exemplo, em Amesterdão visitar a casa de Anne Frank obriga a levantar bem de madrugada ou então a esperar entre duas ou três horas na fila que vai dar a volta ao quarteirão. Claro que vamos ver uma casa histórica, com história, mas na realidade sem nada para se ver.
3. Chatos, carrancudos e mal-educados, existem em todo o lado
Prepara-te, o mais certo é encontrar pessoas chatas logo no aeroporto, vais apanhar pessoas carrancudas em algum café, restaurante ou loja e até pessoas mal-educadas vais ter oportunidade de conhecer. Não penses que fazem castings para as populações, lá porque nas fotos aparecem todos sorridentes. Isso não invalida que encontres muitas pessoas simpáticas e educadas. Em Londres, viram-nos “perdidos” a tentar encontrar local no mapa. Um senhor chegou-se à nossa beira, ofereceu ajuda, abriu o mapa em cima do capot do carro e orientou-nos alem de indicar restaurante para mais tarde.
4. Barato e bom, não existe
Adoro ler aqueles artigos que defendem o ser possível “viajar de graça”. Mas as pessoas querem ir de férias, descansar, aproveitar ou vai emigrar e ter vida de pobre? Ou seja, prepara mais dinheiro, dificilmente vais encontrar aqueles restaurantes bons e baratos de que falam. E os hotéis ao preço da uva mijona vão apresentar quartos que mais parecem casota de cão, o descanso vai ser pouco. Claro que com uma boa pesquisa e planeamento atempado consegues boas escolhas na relação qualidade/preço. Mas lembra-te bom e barato, só em casa dos papas.
Então, é muito mais difícil do que parece.
5. O mundo é grande pra caralho
“Quando você viaja o mundo se torna pequeno”, não acredites em estranhos, e quem isto escreveu é um. A não ser que seja um milionário com seu jacto privado e tudo é mais fácil e rápido. Para os restantes mortais, tudo vai ser longe e demorado. Até as trocas de avião, por exemplo, em Frankfurt podes aterrar num terminal e depois concluir que o teu voo de ligação está num outro terminal a 50min. de distância.
Cuidado, “vão visitar, é mesmo aqui ao lado” é algo relativo. Para nós isso representa meia dúzia de kms, em países como o Brasil podem estar a mandar-te fazer 600km.
Mais uma vez, planear se não queres ficar com as costas num oito.
6. Viajar muda as pessoas
Para melhor e para pior. Primeiro, as pessoas que vão contigo podem revelar-se completamente diferente do que imaginavas no dia-a-dia. Seja pela “aventura”, “diversão”, cansaço ou frustração. Cuidado, viajar pode revelar pessoas mas também acabar amizades.
Segundo, as pessoas que conheces em viagem podem não ser os amigos que pensas pelos motivos positivos que apresentei antes. Lembra-te que conhecer pessoas é importante nas viagens, mas que normalmente o que se é a viajar, acaba no fim da viagem e voltamos a ser a pessoa normal do “trabalho”.
7. Prepara a mímica, muitos não falam inglês
Quem nunca foi de viagem com alguém que se achava o maior por ser o melhor a falar inglês? Mas não arranhava mais nenhuma língua e ficou na merda quando tiveram de ser vocês com o Espanhol ou Francês (sofrível) mais uma capacidade de mímica para desenrascar a situação. Pois é, o inglês da muito jeito, mas é bom lembrar que existe muito mundo onde o inglês não é um bem essencial. Por isso mesmo atenção às línguas que se falam em países menos desenvolvidos de Ásia e África.
8. O certo, pode ser errado
Faz um V com os dedos em Inglaterra e prepara-te para a possibilidade de levar na boca. É verdade, guerras do tempo do arco e flecha fizeram esse “simpático” sinal para nós ser um insulto para eles. Por isso estuda um pouco antes de ir de viagem, pois todos os países vão ter coisas que pensas ser o certo e são erradas. Saber um pouco mais do local de férias só vai ajudar a aproveitar o mesmo e até evitar problemas com a polícia.
9. Cuidado, ficar doente não é uma experiência agradável
Claro que ninguém escolhe ficar doente e em férias muito menos. Mais um motivo para cuidados extra, verificar as vacinas necessárias e outras recomendações para os países por onde se vai passar. Algo tão básico como lavar os dentes pode colocar-te fora de combate. É verdade, em Angola lavar os dentes é com água engarrafada, ou podes ganhar, no mínimo, uns dias em casa a fazer constantes visitas à casa de banho.
Em certos países, um seguro de saúde é aconselhado, pois em países pobres ao hospital local não é aconselhável ir e há ainda países em que a saúde é privada. Os cuidados de saúde podem ser muito caros, muito caros mesmo.
Mas não vale a pena viajar? Claro que vale, são experiencias únicas, mas para as quais não devemos criar ilusões. Devemos preparar as mesmas de forma a evitar problemas ou decepções e depois disso, partir à aventura por algo diferente do nosso dia-a-dia. Aproveitar o que a viagem nos proporciona, aprender, crescer. Isso e lembrar sempre que dentro do nosso pais também é possível viajar e descobrir.