os putos já não sabem "jogar à bola"!
No meu tempo jogava-se à bola, os magros e os gordos, os fintas e os pés de pau que o importante era jogar, as balizas podia até ser quatro pedras e a bola uma lata. Hoje jogam PES, FIFA ou outra qualquer treta em que seja possível rematar sentado agarrado à consola. Quem de consolo não tem grande coisa e de lições de vida muito menos.
E das “regras da bola”, lembram-se?
“O gordo vai à baliza”, mítica e com lógica. Rapaz de pouca velocidade e também não queria correr muito que ainda lhe dava a fraqueza. Depois era o que ocupava mais a baliza e ainda dava para se encostar ao poste (quando existia) a descansar.
“O dono da bola é que manda”, sendo irrelevante a sua qualidade técnico táctica. E quantas vezes não foi mesmo essa a minha sorte. Sim dois pés esquerdos (no sentido de dois tijolos) não ajudavam a ser escolhido para a equipa principal, mas a bola debaixo do braço dá logo um ar de craque.
“Equipamento”? Equipamento é o calção e t-shirt assim como é a roupa da missa e sapatinho de verniz. Que durante o jogo a roupa suja ou sapato roto não é problema. Se cai sapatada ao chegar a casa não interessa. O importante é não falhar a este importante jogo. Que o jogo de amanhã ainda está muito longe.
“Penalties”??? Coisa que é difícil de aceitar, ainda mais quando não existe linha de jogo. Mas depois de muita discussão eram esporadicamente aceites se quem diz ter sofrido a falta jurar a sua veracidade. Isso ou ser a favor da equipa do rufia da rua. É bom não esquecer que árbitro é elemento que nunca existiu nem sequer se entendia a sua necessidade para se colocava tal hipótese.
E como se “quantificava” a duração do jogo?, nem mais, com o tradicional relógio “vira aos 5, acaba aos 10”. Quando as equipas discordavam da contagem, e após longos minutos de discussão e recontagem não se chegava a consenso entrava o não menos famoso “quem marcar o próximo ganha”, digamos que eram os descontos à nossa moda.
Regras básicas de vida, de convivência social e até de desenrascanço que deviam continuar a existir. Para isso era preciso que os putos não estivessem a virar uns “coninhas” (em parte é culpa dos pais) das consolas, armados em CR7 ou Messi, mas que não sabem dar um chuto na bola. Será que é por medo de serem escolhidos em último? Ou é a mãezinha que não quer o menina suado? Será o paizinho que tem medo que o puto leve uma canelada ou esfole o joelho? Meninos, faz parte da vida, do aprender a “lutar”, do sobreviver a derrotas e ser campeão da nossa rua, mas não sozinho, sempre em equipa. Aprender que quem não dá o litro, quem não se esforça fica para trás, que não dá para ir as opções e escolher ser o Ronaldo.