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Há Lobo no Cais

Os meus amigos são uns inúteis!

 Os amigos não são para os momentos difíceis. Quem quer pessoas na sua vida que só aparecem nos momentos em que estamos à rasca? Pessoalmente iria pensar que a culpa era deles, iam deixar de o ser para deixarem de aparecer.

Vamos lá a ver, “meu amigo é quem me ajuda, quem está lá para os meus desabafos, quem vem em minha defesa”. Afinal queremos amigos ou empresa de pronto-socorro?

 

Amigos são para os melhores momentos, para contracenarem nas grandes histórias das nossa vida e não para nos fazerem favores, nem para nos ajudar. Vejamos, quem nos faz um favor, nos presta uma ajuda, passa-nos um recibo de dívida.

Amizade é outra coisa, é pura. Não instrumentalizem a amizade, não a transformem numa troca de interesses, ela não é um político.

Para mim, a amizade não vem com contrato, nem obrigações, ser amigo é uma espécie de cartão do monopólio “está livre da cadeia”, mas que diz “está livre de tudo”.

Amigo é aquele com quem gostamos de estar, seja diariamente seja uma vez por ano. É o tipo de pessoa a quem exigimos uma única obrigação mútua, não exigir nada. Claro que preferimos estar com os amigos com frequência, no entanto ser amigo é também ter a capacidade de estar longe e no reencontro retomar a conversa como se fosse da véspera. Mesmo após muito tempo afastados, os direitos mantêm-se, seja dizer-nos as verdades, seja insultar-nos, seja levar-nos a casa com o grão na asa.

Se queres ser amigo de alguém, sê “inútil”, pois se não servires para nada e te querem presente, é porque és um amigo. E se és um amigo, nunca tenhas filtro no que dizes, pois dizer o que mais ninguém diz faz parte do trabalho. Caso contrário quem lhe vai lembrar dos afazeres domésticos e da lista das compras quando chegares a casa dele e não disseres "Boi, não tens cerveja fresca no frigorífico e acabaram os tremoços!"?

Pede-se, dá-se, recebe-se, diz-se e faz-se trinta por uma linha e a seguir esquece-se e não se fala mais nisso. Não é preciso mais para durar para sempre e ainda aparecer, sem lhes pedirmos, a dizer “quantos são?” quando estamos à rasca.

 

 Nota – Também se morde outras coisas no facebook, curiosos?