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Há Lobo no Cais

Jantar de natal da empresa – o desastre

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 Gosto das festas de Natal, mas não consigo gostar das de empresa. Supostamente é para criar grupo, empatias, esquecer picardias entre colegas, mas nada disso acontece. Para começar as pessoas são colegas, não são amigas e não se deve misturar trabalho com vida pessoal, já dizia o ditado “amigos amigos, negócios à parte”. Claro que se pode ter amigos no trabalho, mas com esses já sais durante o ano e até têm um verdadeiro jantar de Natal combinado.

Realmente o jantar de Natal da empresa só é algo “bom” para quem não tem amigos e vida social nos restantes 364 dias do ano. Mesmo para esses pode ser algo “memorável” que vai demorar 363 dias a esquecer e voltar a querer repetir a dose.

Vamos lá ver, começa sempre com um “tens de vir, a festa é altamente e acontece de tudo…” claro que sim, os 365 dias de intervalo ajudam a deturpar a situação e nunca aconteceu a nudez e libertinagem de toda a espécie de que se fala e mais um role de situações que vão manchar reputações e respeito profissional.

Depois do “afinal o boss é um ser humano, até bebe e dança”, não se deixem enganar, o chefe pode fazer as figurinhas que quiser, é o chefe e a ele ninguém o vai julgar ou marcar. E lá porque ele está a dançar, agarrar o homem para ser o maquinista da dança do comboio é má ideia.

Ainda antes de se chegar a este ponto da festa, alguns acham que afinal estão na volta a Portugal e toca de correr pela camisola amarela do bêbado da festa esquecendo que isso vai ser lembrado no resto do ano e na avaliação de desempenho. Claro que a camisola não sai até acabar Janeiro, pois vão andar sempre a ouvir comentários “tens de me ensinar aquela tua dança que acabou nos pés do chefe” ou “não sabia que copo cheio era um tipo de tinto”.

Depois há sempre o totó ou a caladinha que por culpa do copo e meio que lhe serviram, vai acabar a noite a falar a falar e o pessoal a pensar “porra que chatos, alguém que traga água”, isso na melhor das hipóteses, pois dá ainda para se encherem de coragem e tentarem algo mais “físico” com aquele seu amor platónico. Ai só desejas não seres tu, pois quem costuma levar com o gozo é a “vítima”, “então a “jeitosa” levou-te para casa?”. Esta desinibição, aceitável entre amigos, entra por caminhos estranhos quando pessoas mais ou menos conhecidas dentro da empresa começam a vir abraçar-te e expressar o quanto gostam de ti e as coisas ficam assim para o desconfortável, é preciso manter um certo espaço, que vamos ter mais um ano de trabalho pela frente.

Agora bonito é de ver por quanto tempo as senhoras, as mães de filhos, as que nunca saem, vão andar com os olhos pregados no chão. Janeiro, Fevereiro, mais? Pois é desinibiram-se, perderam o norte e andaram a dançar de forma inesperadamente desenvolta, diria mesmo a roçar o badalhoco com aquele colega da contabilidade, que não se conhece de lado nenhum, como se os corpos fossem um só.

O grande problema é que antigamente ficava-se pelo “estou a dizer-te, o António viu tudo…” e como o António também bebeu a parte dele, ficava sempre uma réstia de duvida. Mas agora o que não faltam é fotografias, vídeos expostos nas redes sociais desde o momento da sua ocorrência. E de nada vale a desculpa “o ultimo gin devia ser já marca branca, caiu-me mal”.

Só se safam dois tipos de pessoas, as grávidas por não podem nem beber nem se meter em grandes danças e o pessoal que tem outra vida social fora da empresa. Estes sabem o que acontece e as consequências. O problema é que indo à festa por obrigação apanham a seca da vida deles, o castigo anual por serem pessoas normais.

É por estas e por outros que agradeço aos meus amigos, temos sempre as nossas jantaradas de Natal e posso sempre dizer “não dá, tenho já jantar marcado”. Jantar onde tudo isto acontece e até pior, mas entre amigos não há problema e se for preciso levar algum a casa também se leva e o chefe nunca vai saber.

 

Nota – Também se morde outras coisas no facebook, curiosos?

 

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